Entenda o que é a taxa Selic e como ela afeta os seus investimentos pessoais e a sua empresa.

Sempre ouvimos nas notícias do mercado financeiro as informações sobre a taxa Selic. E você já deve ter percebido que, cada vez que ocorrem variações na SELIC, os seus investimentos pessoais e juros de crédito são afetados.

Afinal, por que isso ocorre?

Preparamos esse post para ajudar você a entender de uma vez por todas, como a Selic impacta nas suas finanças. Mas antes, vamos começar com a definição do que é a Selic.

O que é taxa Selic?

Em 1979, foi criado pela Andima (Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto) e pelo Banco Central (BC) o Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC), um sistema eletrônico desenvolvido para registrar as operações diárias relacionadas aos títulos do Tesouro Nacional, visando tornar a negociação de títulos públicos mais transparente e confiável. Antes disso, as operações eram manuais, ocasionando riscos relacionados a erros operacionais e fraudes.

Já a taxa Selic é uma referência, uma média calculada e ajustada com base nas remunerações de operações compromissadas, financiamentos que ocorrem em operações de curtíssimo prazo (diárias), que utilizam títulos públicos como garantia,

Pelo lado do crédito, é a taxa básica de juros da economia brasileira. Já pelo lado do investimento, é a taxa do Tesouro Selic, aquele título que remunera juros nominais, onde nominalmente há sempre uma evolução positiva no saldo dos investimentos.

Como funciona a taxa Selic?

O ajuste da trajetória da taxa Selic é o principal instrumento de política monetária utilizada pelo Banco Central. Suas oscilações impactam fortemente o crédito, os investimentos e também o câmbio.

Parece algo complicado, mas a Selic nada mais é que a taxa básica de juros da economia do nosso país, que o BC movimenta para cima ou para baixo de acordo com o ritmo de inflação.

Em casos de inflação alta, há uma elevação da taxa Selic com objetivo de frear a economia, em uma dinâmica de encarecer o custo do dinheiro, elevando os custos de financiamentos e empréstimos, dificulta o consumo, além de aumentar a atratividade dos investimentos financeiros atrelados aos Tesouro Selic, o tradicional pós fixado. A Selic em alta busca retirar recursos da economia real e transferir para o mercado financeiro de títulos.

Em casos de inflação muito baixa, ou deflação, reduz-se a taxa Selic com intuito de aquecer a economia, seja por reduzir o custo do dinheiro, ou mesmo por reduzir a atratividade de manter recursos aplicados no mercado financeiro em renda fixa. A Selic em queda busca direcionar recursos do mercado financeiro para ativar a economia real.

Uma taxa Selic maior pode atrair mais investimentos estrangeiros especulativos de players interessados em auferir um rendimento elevado em renda fixa. Nessa situação, uma maior oferta local de moeda estrangeira pode impactar o câmbio e valorizar a moeda brasileira.

A mesma dinâmica é válida no sentido inverso: uma taxa Selic menor pode reduzir a atratividade do investimento local para estrangeiros e uma menor oferta (ou uma saída) de moeda estrangeira pode desvalorizar a moeda brasileira.

O que é Selic do dia e Selic acumulada?

O valor da Selic é calculado diariamente. Mas o valor pode também ser mensurado em diferentes períodos.

No caso, a taxa acumulada, que é o valor diário somado em um determinado período, por exemplo, mensal ou anual.

Como a Selic afeta o meu bolso?

Temos que pensar os impactos da Selic sobre duas óticas. A primeira é dos passivos (dívidas) e a segunda dos ativos (investimentos).

Se você investe na poupança, saiba que até ela sofre influência das oscilações da Selic.

Embora seja um investimento pouco rentável, a poupança ainda é muito popular no Brasil e é utilizada como fonte de recursos para financiamentos imobiliários.

Pela ótica dos passivos, em teoria, no que tange ao preço do dinheiro, se a taxa básica de juros cai, como medida para reativar a economia, o custo de tomar recursos emprestados segue o mesmo movimento, resultando em empréstimos e financiamentos mais baratos.

Na prática, nem sempre acontece, ou não na mesma magnitude, visto que o custo de empréstimos considera também spread bancário, risco da operação e do tomador, entre outros.

Em momentos de SELIC reduzida, fica mais interessante financiar bens de maior valor e de prazos mais longos, a exemplo dos financiamentos imobiliários (onde recomendo a adoção da modalidade de juros pré fixados) que se tornam mais atrativos nessas situações.

Se a taxa Selic sobe, em momentos de inflação mais elevada, o preço do dinheiro aumenta, resultando em empréstimos e financiamentos mais caros.

Qual o impacto sob a ótica dos investimentos?

Já pela ótica dos investimentos, quando a Selic cai, fica menos atrativo investir nos títulos do tesouro direto pós fixados, pois a remuneração reduz. Também afeta os rendimentos de poupança, pois desde 2012, quando a Selic está abaixo de 8,5% ao ano, a poupança rende 70% da Selic + TR. Ou seja, quanto menor a Selic, menor o rendimento da poupança.

Interessante mencionar que durante os movimentos de queda da Selic, os títulos pré fixados (CDBs, Tesouro Pré, LF Pré, Letras) podem apreciar no mercado secundário. Isso significa que é possível realizar ágio ao liquidar antecipadamente, antes do vencimento, títulos pré fixados adquiridos em condições anteriores (em patamares de juros mais elevados) durante um ciclo de queda nas taxas de juros.

Por outro lado, em momentos de inflação em alta e elevação da taxa Selic, a remuneração dos títulos pós fixados aumenta. Essas elevações afetam também a poupança até a Selic atingir o patamar de 8,5% ao ano, após esse nível, a poupança trava em 0,5% ao mês + TR. Ou seja, se a Selic subir muito forte, por meio do instrumento poupança, os ganhos serão limitados,

Importante também salientar que em momentos de alta na taxa básica da economia, os títulos pré fixados tendem a perder valor de mercado, algo que se reverte quando levados até o vencimento.

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Em outubro deste ano, quando a Selic subiu de 6,25%aa para 7,75%aa, houve impacto no custo de empréstimos e rendimento das aplicações financeiras. A poupança passou de 4,37%aa para 5,42%aa, os ativos pós fixados passaram a render mais. As operações de crédito ficaram mais caras.

Para dezembro, ocorreu mais uma elevação de 1,5%, em uma tentativa do Banco Central de conter a inflação que está corroendo o poder de compra dos brasileiros. Após tal elevação, a Selic atingiu o patamar de 9,25%, e o Bacen sinalizou nova elevação de 1,5% no primeiro trimestre de 2022. A poupança estacionou na remuneração máxima de 6%aa.

Além dos investimentos citados, existem diversos outros investimentos de renda fixa influenciados pela Selic. Todos os pós-fixados, que utilizam o CDI como índice, acompanham a taxa básica de juros.

Você já se perguntou, por que os juros que recebe nas aplicações são menores do que os juros que paga nos empréstimos e financiamentos?

Veja, embora a Selic seja uma referência para outras taxas de juros nos financiamentos e para definir o patamar de remuneração de investimentos corrigidos por ela, na realidade, não há uma correspondência exata.

Apesar da taxa básica ser a mesma, essa diferença ocorre porque os bancos fazem referência à taxa básica ao remunerar o cliente pelos seus investimentos, porém ao viabilizar um empréstimo ou financiamento cobram um spread, ou seja, de maneira simplificada, além da taxa básica, embutem prêmio de risco e também a margem pelo serviço prestado, entre outros custos.

Qual o impacto na bolsa de valores?

Já em relação à bolsa de valores, em um ambiente de alta de juros provocada por processo inflacionário, a política monetária tende a esfriar a economia, em um movimento para frear o consumo. Nesse cenário de perda de poder de compra das famílias e contenção do PIB, o cenário para as empresas e para a bolsa fica mais desafiador.

Também tem que se considerar a maior competitividade que alcança uma renda fixa com juros altos frente a um investimento variável. O custo de oportunidade sobe muito.

Qual o efeito sobre o câmbio?

Outro ponto impactado pela Selic que vale a pena comentar, é o efeito sobre o câmbio. Considerando apenas o efeito sobre a moeda local de um maior diferencial entre a taxa de juros local Selic e a taxa de juros americana, podemos inferir que a alta da Selic poderia trazer uma valorização da moeda local, visto uma maior demanda pelo real e maior oferta de moeda estrangeira.

Por outro lado, uma redução da Selic, tudo mais constante, tornaria menos interessante para o investidor estrangeiro buscar ganhar juros em real, o que poderia gerar maior oferta moeda brasileira, maior demanda pela moeda estrangeira, desvalorizando assim a moeda local.

Conclusão

A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira, sendo um importante instrumento de política monetária, utilizado pelo Bacen para controlar a inflação, tendo por consequência o impacto em todas as taxas de juros praticadas no Brasil.

Ela impacta fortemente nosso dia a dia, desde rendimento das aplicações (onde invisto meu dinheiro ?), custo de crédito (será que esse é um bom momento para trocar de carro, comprar outra casa, adquirir um novo maquinário na minha empresa?) e até planejamento de viagens e estudos no exterior.

Por isso, é importante que você esteja sempre atento às oscilações da Selic para acompanhar os seus fundos de investimentos, as taxas de juros de empréstimos ou outros fatores que podem impactar o seu bolso.

Aqui na Genebra Capital, você tem toda a consultoria que precisa para fazer o seu dinheiro render, aproveitando as oportunidades geradas pelas movimentações da taxa Selic. Venha investir com segurança, utilizando as oscilações do mercado a seu favor.

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